segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Agulha, linha e cicatrizes


Não só por suas belezas naturais e hospitalidade mas positivamente ou negativamente o Brasil é conhecido por alguns recordes. Se não conseguimos estar entre as potências mundiais e há anos somos considerados como "emergentes", somos recordistas em números de aparelhos celulares, maior número de páginas, postagens e acesso ao Orkut e You tube, figuramos entre os primeiros quando o assunto é internet, sexo e culto ao corpo. Que a violência aqui também nos coloca entre os mais mais, disso não temos dúvida. Que assaltos, sequestros, acidentes, catástrofes e tragédias também nos coloca em rankings vergonhosos e junto de tudo isso soma-se a impunidade e corrupção que aumentam as vendas de pizzas isso todo mundo está cansado de saber.Que as consequências pela falta de justiça,n os faz ficar mais descrentes também é fato.
Mas além de tudo que já sabemos uma notícia publicada na Gazeta on line http://gazetaonline.globo.com/index.php?id=/local/minuto_a_minuto/local/materia.php&cd_matia=57695&cd_site=10010 há 10 dias atrás veio agravar e tornar tudo mais alarmante: as cirurgias para correção das marcas causads em vítimas da violência aumentaram assustadoraente ultrapassando muito as que são somente por estética. Segundo a reportagem, Só em 2008 foram 22 mil cirurgias específicas para corrigir marcas da violência, como vítimas de acidentes de carro, perfurações por tiros e agressões nas ruas, o equivalente a 60 plásticas por dia e 2,5 a cada hora. Não é um absurdo?O número ficou à frente, por exemplo, dos procedimentos causados por defeitos congênitos (21 mil), queimaduras (21 mil) e acidentes domésticos (12 mil).
"Nos últimos 30 anos, houve um aumento natural no número de cirurgias reparadoras devido à violência. Isso porque também cresceu os tipos de violência, o que fez com que a preparação dos cirurgiões sofresse umaevolução", reconhece Benjamin Gomes Filho, membro da diretoria nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
http://www.cirurgiaplastica.org.br. Segundo o médico, os tipos de cirurgias reparadoras mais comuns são aqueles de traumatismos no crânio, muitas vezes causados por tiros de revólveres, na orelha e até mordidas pelo corpo.
Os números da violência divulgados no meio do ano passado, segundo reportagem do G1, http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL588427-5598,00-ESTUDO+DO+IBGE+REVELA+AUMENTO+DA+VIOLENCIA+NO+PAIS.html aponta que entre 1992 e 2004, houve um aumento em termos absolutos de 7,7 mortes por homicídio por 100 mil habitantes no país. A situação da Região Sudeste chama a atenção. Em 2004, a região apresentou a maior taxa de mortes por homicídios, 32,3 por 100 mil habitantes, acima da média do país, 26,9 por 100 mil. Os acidentes de transporte também têm crescido. No Brasil, em 2004, os homens foram as principais vítimas, com 32,6 mortes por 100 mil habitantes, contra 7,2 por 100 mil de mulheres.
Aumentaram consideravelmente também o atendimento para reabilitação de vítimas na AACD. Muitas pessoas pensam que a AACD atende apenas crianças, mas cerca de 20 % dos pacientes são adultos. Alguns crianças que já tinham deficiência física, cresceram e continuam sendo atendidos na instituição, mas muitos são adultos vítimas da violência urbana.Histórias tristes mas boa parte também de superação são inúmeras e a insitituição que todo ano pede arrecações pelo Teleton
http://www.teleton.org.br/teleton_new/programa/historiasvida.asp já não tinha condições e agora continua não dando conta da demanda de pessoas que necessitam deste auxílio.Como é sabido, várias pessoas não tem outra forma a não ser recorrer às filas de espera já que boa parte não tem recursos e as vezes nem um plano médico para o tratamento adequado.
Se sentir a dor da perda de um filho, um amigo, parente ou mesmo não sofrendo na pele mas se abalando com as tragédias que enchem os olhos e enriquecem a (má) mídia já nos deixa estagnados, sofrer as sequelas é sem dúvida algo imensurável para quem não vive esta situação. Ainda que as cirurgias corrijam ou apaguem sequelas aparentes é no dia-a-dia destas pessoas e no nosso intimo e inconciente que as marcas ficam, nos levando ao medo e total insegurança e credibilidade nos órgãos que deviam zelar por esse quesito.Mas já que somos brasileiros, levantamos sacodimos a poeira, nos conformamos com 465 reais mensais, tocamos a vida com menos uma perna, muletas, cadeiras de roda e cicatrizes.Taí o Carnaval para produzir mais vítimas e engordar as estatíticas? Espero que não.Era infinitamente melhor ler que o silicone aumentou peitos e a lipo tirou algumas toneladas de gordura na soma geral.Faria mais pessoas felizes e produziria dados menos frustrantes.
Ouvindo: Pearl Jam "Nothing as it seems"