segunda-feira, 27 de julho de 2009

DEPOIS DO VALE COXINHA...


...o Vale Cultura.
Seria um orgulho para a nação enfim um presidente lançar um projeto de lei que é inteiramente voltado para a cultura do país, não é? Pois bem, mas vindo de um cidadão que diz que conhecer o museu do Ipiranga é coisa da escola "depois a gente fica metido e passa a frequentar muitos outros", e encara tal situação como um sinônimo de status social do que acúmulo de conhecimento...se torna suspeito.
O meu encanto com o cara que ajudei a eleger simplesmente acabou. Acho que o fato de sair viajando por aí, dando uma de RP, não está fazendo bem a sua limitada cabecinha. Virou praxe nos envergonhar e dizer coisas completamente fora de ordem ou noção. Sem nenhum pudor ou semancol, só perdemos nesse quesito para a Itália, já que um Lula bancando Berlusconi já seria um pouco demais.

A questão central é: Vem aí o Vale Cultura. Quatro páginas inteiras, coloridas no anúncio de jornal, circulando em plena sexta-feira, muito provavelmente no pais todo, e mais um quarto de página de notícia para relatar o que foi o lançamento do projeto. Resumindo: festa cheia de figurinhas carimbadas, ditas nossos representantes, preocupadas com nosso conhecimento geral, ao nosso acesso e inclusão e que geralmente comparecem para fazer média e conseguir mais projetos aprovados mamando nas leis de incentivo fiscal. Ao abrir o gigantesco anúncio (supondo que você tenha acesso a isso, porque é claro que depois do projeto, como num produto para humorista tirar sarro), automaticamente você vai achar que aquilo é o que realmente vai mudar o seus fins-de-semana, o seu consumo de bens culturais, aquela peça de teatro, o livro, o cineminha estarão salvos certo? Errado! Só o dinheiro gasto para inserir o anuncio, por exemplo, já daria para inúmeras coisas: aprovar um projeto de restauração de filme ou qualquer outro tipo de segmento, dar início a construção de uma sala de cinema, projeto de dança, computador em escolas públicas...

Não tenho idéia se os vales-qualquer coisa são uma instituição brasileira mas teoricamente se a gente trabalha em troca de um salário, também teoricamente seriamos NÓS quem deveriamos decidir a forma que queremos gastá-lo, ou não?Já é um absurdo limitar no cartão se você gasta 100 ou 200 reais de alimentação e almoço, mais 200 e tanto no seu vale transporte ou 200 e tralala de combustível, sendo que dependendo da sua situação, não atende suas necessidades. Mas em troca do emprego, você acata, aceita, utiliza. Agora para alegria da VR, o vale cultura te limita a gastar até 50 reais mais ou menos por mês para que você, ó coitado carente sem cultura, fique um pouco menos limitado. Não é lindo? Limita para supor uma sensação de liberdade de escolha.

É aquela velha história: nem tudo que reluz é ouro.Se aprovado (o que certamente será já que o Congresso em sua maioria anda tão manchado se lixando para a opinião pública e o valezinho seria uma maneira de limpar um pouquinho a barra) só espero que nos dêem a opção de aceitar ou não, afinal, apesar de querer de tornar culto, come mais uma porcentagenzinha no seu salário. Funciona assim: mais benefícios, mais descontos. De graça, nego, nem injeição na testa mais.

Se for inevitável, continuaremos limitando o nossos gastos ao que é imposto, afinal se no bolso pesa e já que desconta mesmo... por que não? Será um cartão magnético a mais na sua carteira, uma senha a mais para decorar, mas não esqueça, diferente daquele que te alimenta ou te transporta, esse terá o poder mágico de te tornar chique. Dê uma de Lady Kate e fica tudo bem, afinal, se ainda te falta o glamour, "Você tá pagano".