domingo, 18 de janeiro de 2009

Mãos ao alto, Brasil!


Que tem um monte de coisa errada, juros altos e tudo mais isso a gente já tá cansado de saber.Que um monte de gente lucra às nossas custas também não é novidade.Agora você vai descobrir porque a nossa querida estatal tem tanto dinheiro para investir em cultura e esporte.


Boas intenções? Não tem o ditado que diz que o inferno está cheio, pois então...



Alguém me explica porque de tanta incoerência?Segundo reportagem do G1 (

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL958564-9356,00-DEFASAGEM+DE+PRECO+DA+GASOLINA+COM+EXTERIOR+CHEGA+A.html), especialistas calculam que o preço da gasolina no Brasil esteja até 59% acima das cotações internacionais. É em absurdos que o Brasil quer bater recordes mundiais né?


“O Brasil é o único país que, em meio à crise, não baixou juros nem preço da gasolina”, comenta Pires do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Bem, no mínimo curioso para uma empresa que se orgulha de ser brasileira e de que bate tantos recordes, você não acha?Ano passado mesmo um novo recorde de exportação foi batido gerando uma receita de mais de 500 milhões para a empresa.(

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL953926-9356,00-PETROBRAS+ANUNCIA+NOVO+RECORDE+DE+EXPORTACAO+DE+PETROLEO.html)


Não adianta.. não sonhe que o preço vai baixar. Torça por um transporte público que funcione, compre uma bicicleta e se arrisque sua vida no trânsito caótico, sem segurança e ciclovia ou ganhe mais e faça igual a Angélica e vá de táxi! E, claro... durma tranquilo, alguém tá usando o seu dinheiro para boas ações, seja ela no filme que você não vê, no esporte que você não acompanha ou para algum benefício próprio que você nem precisa saber. Você não vai fazer nada mesmo! Veja o novo comercial que te faz chorar de emoção, se indigne na frente da TV vendo o Jornal Nacional enquanto aguarda a estréia da nova novela.


Ouvindo "Shut it down" - MxPx // Crédito foto: efeitosvisuais.com



sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sem muitos motivos pra comemorar



Um novo ano começou e mesmo sem acreditar em novas promessas ou que tudo parece zerar e recomeçar, a gente se sente como se virasse a página, trocasse a roupa e entrasse renovado, para retomar a rotina, continuar tudo de novo mas com o calendário zerado.Mas, a euforia acaba e basta passar uns poucos dias e você se dá conta que a vida continua igual e que pessoas nas autarquias tomam decisões que fazem você morrer de vergonha do país que você vive. É.. aqui não vivemos uma guerra como a gente conhece mas tão pior quanto ver o terror da bombas e corpos estraçalhados é viver num país de preconceitos encobertos, onde tudo fica subentendido nas entrelinhas e tudo se varre pra debaixo do tapete.
Em 2005, comemorou-se 30 anos da morte de Wladimir Herzog. E para explicar a história, não passar em branco e não nos deixar esquecer foi lançado documentário (http://www.cineweb.com.br/index_filme.php?id_filme=1567), várias matérias especiais e até um "Linha direta" especial do caso http://redeglobo.globo.com/Linhadireta/0,26665,GIJ0-5257-215892,00.html.


Um iugoslavo naturalizado brasileiro, formado jornalista pela USP, Vlado de nascença resolveu adotar o "Wladimir" para abrasilerar também seu nome, trabalhou na BBC de Londres, foi editor da revista Visão e diretor de jornalismo da TV Cultura.Era 1975, a ditadura já estava no fim, órgãos de censura já tinham sido aniquilados mas havia ainda uma parte do Exército que queria novamente a abertura do regime. Os jornalistas continuavam a ser perseguidos, numa outra escala mas não menos repressiva. Os agentes do DOI-Codi prenderam, torturaram e mataram pessoas que faziam parte do PCB. Começaram pela cúpula e foram até pessoas que simplesmente viam no partido a possibilidade de se reunir com outras pessoas com senso crítico. A tortura servia mais para aniquilar a possibilidade de resistência do que para obter alguma informação. Em outubro de 1975, eram 10 jornalistas detidos no DOI-Codi para "prestar esclarecimentos", quando Vladimir Herzog foi preso. Herzog foi para o DOI-Codi com o firme propósito de negar qualquer ligação com o PCB. Ele sabia que se admitisse as reuniões com membros do partido, a leitura de "A Voz Operária" ou a ajuda financeira eventual, todo o trabalho de TV pública que estava tentando implantar na Cultura se perderia. Em um embate desigual entre homem e torturadores, Herzog morreu. Para encobrir o crime, o II Exército montou uma farsa e divulgou que Herzog tinha se suicidado nas dependências do DOI-Codi. Clarice, a viúva, tinha certeza de que era mentira. Vlado tinha se apresentado no DOI-Codi, um conhecido centro de torturas do Exército, saudável e poucas horas depois apareceu morto. Houve testemunhas da tortura de Herzog. Na época, não havia um ministério público independente para que se movesse uma ação criminal. Os advogados a quem Clarice recorreu tentaram então uma ação inédita. A ação cívil de Clarice e filhos contra a União propunha que o Estado Brasileiro era responsável pela prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir Herzog. Em 1978, a sentença foi favorável a Clarice Herzog.

No último dia 13, segundo a reportagem da Folha de SP (
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u489601.shtml), a juíza federal Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, arquivou os fatos que culminaram com a morte do jornalista Wladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975. A decisão da juíza atendeu pedido de arquivamento do representante do Ministério Público Federal, que rejeitou pedido de procuradores da mesma instituição que sustentavam a imprescritibilidade de crimes contra a humanidade.
A punição da tortura cometida na ditadura voltou a ser discutida no ano passado, quando os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) defenderam que eles são crimes contra a humanidade. E por isso seriam imprescritíveis. Essa opinião contrariou o ministro Nelson Jobim (Defesa) e os militares, que consideram que esses crimes foram anistiados pela Lei de Anistia, de 1979.

E aparentemente acabou assim. Duvido muito que isso mude na verdade, porque a quem interessa trazer essa história vergonhosa à tona? A profissão de jornalista é perseguida e marginalizada desde esses tempos...já falei disso aqui e nunca é demais lembrar. Você consegue entender pelo menos um pouquinho do porquê agora? Poder nas mãos dos mesmos e o resulado? Histórias como essa têm aos montes e um milhão motivos pra quase querer morrer de desgosto.
Mas, sejamos brasileiros, otimistas, estende a toalhinha quadriculada na mesa e feliz 2009 Brasil!
Começou bem... Vai calabresa ou mussarela?
Ouvindo NOFX "Murder the governement"